Leitura de Imagem - Hélio Oiticica
A obra “Bólide – Caixa 18” de 1966, intitulada “Homenagem a Cara de Cavalo” apresenta-se como uma caixa em madeira de cor preta com a parte frontal estendida ao solo e sem tampa. No interior observam-se fotos do bandido Cara de Cavalo, amigo de Oiticica, morto pela polícia. Nelas, ele aparece em posição de crucificado, com os braços abertos. No fundo da caixa, sobre grades de ferro, há um saco (almofada) de plástico transparente, contendo pigmentos (sangue?), no qual está escrito: “Aqui está e ficará! Contemplai seu silêncio heróico.” Já na parte central da caixa está um tecido transparente que permite a visualização do interior da mesma, no caso a almofada e as fotos.
O “momento ético” dito por Oiticica vem representar o que ele denominou de “mito da revolta”, e assim dizia: “eu quis aqui homenagear o que penso que seja a revolta individual social: a dos chamados marginais. Tal idéia é muito perigosa mas algo necessário para mim: existe um contraste, um aspecto ambivalente no comportamento do homem marginalizado: ao lado de uma grande sensibilidade está um comportamento violento e muitas vezes, em geral, o crime é uma busca desesperada de felicidade.”(1980, p. 131).
Ou seja, o bandido referido e homenageado pelo artista tinha uma vida marginal realizando pequenos furtos, entretanto o poder policial da época, talvez em busca de honras ou de divulgação pública, precisava de um personagem, de uma história, de uma imagem. Assim, surge o perigoso bandido Cara de Cavalo que colocava em perigo toda a sociedade carioca, da mesma forma surgem os heróis que retiram do convívio social este elemento. Oiticica denuncia com seu Bólide a estrutura social da década de 60 que cala a voz do povo e dá a um ser humano a imagem que melhor servir aos interesses que não são os dele, mas os daqueles que detém um certo poder, um poder arbitrário que viria a tiranizar ainda mais, nos anos seguintes, a vida cultural e política no país.
O “momento ético” dito por Oiticica vem representar o que ele denominou de “mito da revolta”, e assim dizia: “eu quis aqui homenagear o que penso que seja a revolta individual social: a dos chamados marginais. Tal idéia é muito perigosa mas algo necessário para mim: existe um contraste, um aspecto ambivalente no comportamento do homem marginalizado: ao lado de uma grande sensibilidade está um comportamento violento e muitas vezes, em geral, o crime é uma busca desesperada de felicidade.”(1980, p. 131).
Ou seja, o bandido referido e homenageado pelo artista tinha uma vida marginal realizando pequenos furtos, entretanto o poder policial da época, talvez em busca de honras ou de divulgação pública, precisava de um personagem, de uma história, de uma imagem. Assim, surge o perigoso bandido Cara de Cavalo que colocava em perigo toda a sociedade carioca, da mesma forma surgem os heróis que retiram do convívio social este elemento. Oiticica denuncia com seu Bólide a estrutura social da década de 60 que cala a voz do povo e dá a um ser humano a imagem que melhor servir aos interesses que não são os dele, mas os daqueles que detém um certo poder, um poder arbitrário que viria a tiranizar ainda mais, nos anos seguintes, a vida cultural e política no país.
Djeine Dalla Corte
Licenciada em Artes Visuais
Bibliografia:
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